terça-feira, 13 de março de 2012

PRÉ ROTEIRO


O público entra num espaço iluminado apenas por velas conduzidas pelos atores. As velas são apagadas enquanto eles se dão “Boa Noite”. A atmosfera é fantástica, trata-se da representação do sonho do menino. (neste prólogo poderemos usar o jogo de luz e sombra através da utilização de um abajur giratório com desenhos diversos projetados nos véus que delimitam este espaço onírico). Interrupção brusca através da aparição “monstruosa” da professora cortando o fluxo dos sonhos. (utilização dos tonéis e sua tampa na formação deste personagem – mascaramento)
CENA 1
O Menino tem seus sonhos interrompidos pela bronca da professora e pelo barulho dos colegas que tiram sarro chamando-o de Dorminhoco. O Menino sente-se incompreendido, diferente dos colegas.
CENA 2
Durante o recreio o menino brinca distraidamente com um gatinho até que os colegas aparecem acabando com seu sossego. Eles são maiores em tamanho e em número, vão acuando o menino e gatinho. No último instante, o menino é salvo por... (algo de força maior, como uma chuva ou uma revoada de insetos, etc... de preferência algo que possa já fazer parte dos sonhos do menino e que lá na frente, no decorrer da trajetória do herói, possa se modificar representando a transformação do próprio herói, sua libertação).
Em paz por alguns minutos, o Menino fecha os olhos e volta a sonhar... (nova passagem para o mundo dos sonhos. Como fazer esta transição? Quais elementos vamos usar?) ... O Menino lembra-se do sonho que teve e que não sai de sua cabeça. Nele o Menino está num mundo imaginário onde aparece a uma mulher linda e misteriosa, uma fada, que o convida a entrar passando por um túnel. Ela diz que a passagem por esse túnel será uma viagem transformadora. O Menino tem vontade de entrar, mas o medo o impede. Sente que pode ser fácil atravessar. Quando resolve tentar é novamente interrompido pela professora. (Mais uma vez a realidade “chata”, bidimensional surge em cena. Podemos trabalhar com este contraste: sonho – tridimensional, realidade - bidimensional). O Menino sente que não tem chance de resolver seus questionamentos, pois sempre alguém aparece para atrapalhar. Passa o resto do dia ansioso pra que a noite chegue e ele possa sonhar sossegado.
CENA 3
Enfim a noite chega e com ela, os sonhos... O menino adormece e continua o seu sonho interrompido. Nele o menino resolve passar pelo túnel. Lá dentro aparecem monstros que hora estão grandes, hora pequenos, o menino está encurralado, percebe uma claridade que poderá ser a saída, mas à medida que tenta correr para escapar não consegue. No meio da perseguição, o menino percebe que aqueles monstros cabeçudos são na verdade seus colegas malvados. O menino começa a rir, rir muito até a barriga doer e aos poucos os monstros vão desaparecendo. Ele se acalma e acorda. (oportunidade de mostrar as fragilidades de seus colegas e a coragem do menino em lidar com as situações difíceis de maneira criativa e brincante ao menos no sonho).
CENA 4
A volta à realidade é necessária. Diferente de seus sonhos, aqui o menino não consegue lidar com seus medos e indignado, alimentando o ressentimento em relação à professora e os colegas, o menino resolve estabelecer um plano de vingança. (Que plano será este? Ele terá seu desfecho ou se dará apenas no plano das ideias?). A partir daí o menino passa mais tempo preocupado com seu plano de vingança e se distancia cada vez mais do mundo dos sonhos.
CENA 5
O Menino está cada vez mais sozinho, não consegue se desvencilhar de seu sentimento de vingança, torna-se triste e amargo, não tem mais seus sonhos libertários. A única pessoa que percebe a mudança e tem algum espaço (o menino não permite que ninguém se aproxime) e sua amiga e vizinha. A menina tenta em vão abrir os olhos do menino convidando-o a brincar como sempre fizeram. O Menino sente-se tentado, mas desiste diante do desejo desenfreado de vingança. A professora também tenta se aproximar (possibilidade de demostrar o outro lado da professora), mas indiferente, o menino não da ouvidos.
Com esta atitude, o menino sente-se solitário e desesperadamente incompreendido. Seus colegas cada vez mais o perturbam e ele não consegue enfrenta-los, nem mais em seus sonhos, seu sentimento de vingança o impede de sonhar. O Menino não consegue perceber que está trancado num círculo vicioso acreditando que só ele tem razão e o “mundo” esta contra ele.
CENA 6
Novamente no recreio, aquele “algo de força maior” acontece. Este será o ponto de partida pra que o menino se liberte, se purifique redescobrindo a leveza do prazeroso encontro com sua vizinha, redescobrindo a possibilidade de conversar e entender sua professora e principalmente, redescobrir sua capacidade de sonhar. Sente-se forte o suficiente até para encarar seus colegas sem medo.
CENA 7
Sonhando novamente, o menino esta mais uma vez diante da mulher misteriosa e seu túnel. Já não sente medo. Ao entrar depara-se com um cavalo que galopa em sua direção. O cavalo transforma-se num leão que se aproxima e dorme a seus pés. Não compreende como um animal tão forte pode ser assim tão manso. O menino se aconchega ao leão e também dorme. Ao acordar esta galopando em seu cavalo procurando salvar uma princesa das garras do vilão.
Todos os personagens do seu cotidiano estão claramente presentes em seu sonho, apontando ao menino a possibilidade de relacionamentos menos conturbados. O Menino entende que foi preciso que ele próprio enxergasse seu entorno com outros olhos. O Menino salva a princesa com a ajuda dos colegas e juntos, todos descansam enquanto o leão, calmamente vela o sono de todos.



DESAFIO PARA A CONSTRUÇÃO DO ESPETÁCULO O DORMINHOCO: A experiência artística, a fruição do espetáculo é quem deve proporcionar a possibilidade do entendimento de que sonhar é bom, sem que seja necessário se dizer isso.


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